sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Multiplicação dos Pães

 


“Naqueles dias, havendo uma grande multidão, e não tendo que comer, Jesus chamou a si os seus discípulos, e disse-lhes: Tenho compaixão da multidão, porque há já três dias que estão comigo, e não têm que comer. E, se os deixar ir em jejum, para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe. E os seus discípulos responderam-lhe: De onde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto? E perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E disseram-lhe: Sete. E ordenou à multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, e tendo dado graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, para que os pusessem diante deles, e puseram-nos diante da multidão. Tinham também alguns peixinhos; e, tendo dado graças, ordenou que também lhos pusessem diante. E comeram, e saciaram-se; e dos pedaços que sobejaram levantaram sete cestos. E os que comeram eram quase quatro mil; e despediu-os”Marcos 8:1-9
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É comum se ouvir mensagens sobre a conhecida história da multiplicação dos pães numa perspectiva da “prosperidade”, como se fosse esse o principal aspecto do texto. A idéia por trás dessa concepção é que se você tiver fé e der tudo o que tem (como o garoto que ofertou cinco pães e dois peixinhos) receberá “em troca” vários cestos transbordantes de pão e peixe. Tal abordagem pode, facilmente, conduzir ao egoísmo. A ênfase do texto, pelo contrário, é o altruísmo. A prosperidade aqui é a da generosidade.
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Vejamos:
Jesus não disse: “Ah que fome! Ô Pedro, você não tem nada aí não?”, mas disse: “ELES não tem o que comer”. Sua disposição era cem por cento altruística. Viu a necessidade do povo. Particularmente, não sei dizer quando Deus envia RIQUEZA para uma pessoa, mas sei quando Ele envia RECURSOS: Quando alguém se importa com a necessidade de outrem.
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Jesus não disse: “Gostaria de ajudar, mas não tenho recursos”, disse sim: “Não posso despedi-los em jejum”. A responsabilidade de ajudar precede a possibilidade de ajudar. Para Jesus não interessava onde ficava a padaria mais próxima, mas sim se havia algum recurso (“Quantos pães tendes?”). Sua preocupação não era com “recursos suficientes”, mas com “recursos disponíveis”. Ele não pergunta: “Temos pão para todos?”, mas: “Temos algum pão?”.Jesus não reclama dos recursos disponibilizados. Simplesmente, dá graças e reparte. Ao invés de dizer: “Só isso?”, Ele diz: “Graças te dou”.
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Ou seja, todo o texto aponta para a GENEROSIDADE como um princípio norteador das ações de Jesus. A generosidade IDENTIFICA A NECESSIDADE DO OUTRO primeiro. A generosidade VALORIZA OS RECURSOS EXISTENTES ainda que poucos e aparentemente insuficientes. A generosidade reconhece que mesmo o POUCO pode ser PROVISÃO de Deus para necessidades MUITO MAIORES. E dá graças por isso.
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E, por fim, a generosidade COMPARTILHA. A multiplicação só vem depois e mesmo essa multiplicação não é uma “MULTIPLICAÇÃO DE ACÚMULO” e sim uma MULTIPLICAÇÃO DE PARTILHA.
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Nada, portanto, induz à idéia de um Deus que cumule de bens uma única pessoa porque esta tenha se disposto em dar tudo o que possuía. Nada se diz acerca de quantos cestos o menino que doou sua cestinha de pão e peixe recebeu de volta. Certo é que, ele teve a experiência única de ver seus poucos pães e peixes alimentarem milhares de pessoas. E essa é a maior riqueza que alguém possa ambicionar a partir dessa história.

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